Sobre palco, café e cigarro.

21:36 / Postado por Ricardo(Sano) /

Sempre quis que tudo fosse como em um filme ou um livro daqueles bem fantasiosos em que nada é impossível se você realmente acreditar e se esforçar. Que voar não se limitasse aos páassaros e aviões. Que uma estrela coubesse em sua mão e fosse possível guardar o seu brilho num pote de vidro. Que pessoas boas fossem realmente boas e as más realmente más e que não houvesse um meio termo, que isso fosse pré definido. Que houvesse um romance inconsequente e inocente e que os motivos de afastamento fossem dragões, bruxas ou outras criaturas mágicas do fundo da floresta, mas que, mesmo assim, no final, tudo ficaria bem e eles seriam felizes para sempre.
Que as pessoas estivessem bebendo para comemorar, porque estavam felizes e não porque estavam fugindo dos seus problemas. Onde os abraços eram de verdade e não uma aproximação quase nojenta seguidas de dois tapinhas nas costas. Onde os sentimentos eram expressados de verdade e ninguém dizia que gostava ou amava alguém só por conveniência.
Ele tomava o seu costumeiro café e fumava o seu cigarro enquanto se perdia no seu mundo de fantasias quando absorto em seus pensamentos. Ele viajava para lugares distantes que não existiam em outro lugar se não no íntimo dos seus devaneios. Quando algo estava lhe aborrecendo, ele prefiria estar no seu lugar tranquilo.
Mas também sabia, ou pelo menos achava que sabia, que isso era tudo uma "mentirinha". E foi assim até o dia em que subiu no palco pela primeira vez.

Ali, em cima daquele chão suspenso de madeira, com aquela paisagem pintada em um pedaço de pano suspensa por cordas, tudo era real. As pessoas choravam porque estavam tristes e sorriam porque estavam felizes. Se abraçavam com sentimentos. Eram más ou boas porque era assim que tinha que ser. Até os animais eram amigos se você quisesse.Elas viviam de acordo com contagem de músicas. Elas amavam para sempre. Eles tinham os cabelos sempre penteados.
E ele dançava, como se o mundo girasse daquele jeito. O sorriso não era por obrigação de sorrir no palco, o sorriso no rosto era por descobrir que a sua "mentirinha" era de verdade. Ela podia ser verdade ali. Não precisava ficar só em seus pensamentos. Não mais.
Ele dançaria enquanto seu corpo aguentasse. E quando não aguentasse mais, ele ainda dançaria no seu mundo interior porque agora sabia que aquilo dos seus devaneios, eram a realidade. Ele dançaria como num conto de fadas onde até tocar as estrelas era possível. E sabia que ali, naquele tablado com paisagens que subiam e desciam amarradas em cordas, era o seu lugar feliz.

"A alma do filósofo vive em sua cabeça, do cantor, na garganta, do poeta,
no coração, mas a do bailarino habita todo o seu corpo!"

1 comentários:

Comment by Marcelo Benevides on 10 de março de 2010 às 12:34

Saaano, muitoo bom o post! Adooorei... saudades de vc querido! Beeeijão

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