Sobre Edgar A. Poe, café e cigarro.

07:43 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (2)

Um sonho num sonho, por Edgar Allan Poe.

Este beijo em tua fronte deponho!
Vou partir. E bem pode, quem parte,
francamente aqui vir confessar-te
que bastante razão tinhas, quando
comparaste meu dias a um sonho.

Se a esperança se vai, esvoaçando,

que me importa se é noite ou se é dia...
entre real ou visão fugida?
De qualquer maneira fugiria.
O que vejo, o que sou e suponho
não é mais do que um sonho num sonho.


Fico em meio ao clamor, que se alteia
de uma praia, que vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura
com bem força, que é de ouro essa areia.

São tão poucos! Mas fogem-me, pelos
dedos, para a profunda água escura.

Os meus olhos se inundam de pranto.
Oh! meu Deus! E não posso retê-los,
se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar
um ao menos da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho

será apenas um sonho num sonho?

"Let the dreams be dreams..."

Sobre monstros, café e cigarro.

16:04 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (4)

Não acredito em amores perfeitos. Isso é apenas estratégia de marketing para novelas, filmes e livros.

O que eu quero mesmo é que você me odeie, mas me ame como ninguém.
Que minta pra mim, mas que me olhe nos olhos para dizer a verdade.
Que seja estúpido, mas que os seus carinhos sejam os melhores do mundo.
Que brigue comigo, mas me abrace e diga que não se importa.
Que me faça suspirar de amores e me faça urrar de prazer.
Que me abrace forte o suficiente pra que eu saiba que nada vai acontecer, mas me coloque na parede como se fosse me matar.
Que seja meu amante, mas que seja também meu melhor amigo.
Que seja responsável, mas que seja meu cúmplice nas horas de irresponsábilidade.
Que me irrite, mas que ao sorrir, eu me esqueça do porque eu me irritei.
Que conheça os meus defeitos e manias, mas que se divirta com eles.
Que seja o motivo de um boa noite, mas que também esteja ali pra ser o meu bom dia.
Que me faça sofrer, mas que também faça valer a pena.
Que seja inteligente, mas que brinque como uma criança faria.
Que fique emburrado, mas que saiba conversar para resolvermos os problemas.
Que me ame todos os dias como se aquele fosse o último, mesmo que seja o último dia só para nós dois.
Que mude o que achar que for necessário, mas que não deixe de ser você mesmo.
Enfim...
Quero que você seja o meu anjo, mas que não deixe nunca de ser o meu monstro.


"You've turned me into somebody loved..."

Sobre lembranças de cafés e cigarros.

17:05 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (1)

Ele acorda ouvindo as músicas mais animadas do mundo para que o seu dia comece bem. Toma o seu café, fuma o seu cigarro. Toma o seu banho demorado para despertar finalmente. O dia começa.
Não são dias quaisquer. Não mais.
São dias corridos. Agitados. Se pudesse, adicionaria mais umas quatro horas ,pelo menos, a cada um deles. Faculdade, treinos, ensaios, mais treinos, cursos, trabalho... Ele gosta assim. Não gosta de ficar parado. Gosta de não ter tempo para ficar pensando. Para ficar lembrando.
Lembrando...
Mesmo sem ter tempo, ele lembra.
Não que ele queira, mas quando vê, está ali parado, olhando fixo para nada. Ninguém o chama a atenção, então ali ele fica.
Está sempre com fones no ouvido e óculos de sol no rosto, não vê ninguém, não ouve também.
E pensa. Pensa não, lembra.
Lembra do que já teve. Do que perdeu.
Que amou e que foi amado. Não como naqueles contos de livros em que os amores são perfeitos. Eles se amavam como humanos, cheio de erros e brigas. Um amor imperfeito.
Imperfeito? Para quem?
Para eles talvez não fosse.

Mas hoje, não há mais esse amor. Não para ele. Sim dele, mas não para ele.
E no fim da tarde, em todos os fins de tarde, quando tem aqueles exatos trinta minutos entre um treino e um ensaio ele se pega sentado na sacada, olhando a vista da cidade, que ele nunca reparou, o vento do início da noite lhe cortando o rosto e afagando os cabelos, o café que ele tanto gosta, o cigarro de que ele sempre reclamava e o romance bobo que ele dizia cair perfeitamente nas suas mãos, como se fossem partes de um quadro que ele adorava.
Lembrando...

"Now I've seen, tonight, how I could waste my time and I'll be on my way, and I won't be
back
cos' I've seen, tonight, what I've been warned about your just a
boy, not a man, and I'm not coming back ."

Sobre dragões, café e cigarro.

13:18 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (1)

"Só quem já teve um dragão em casa pode saber como essa casa parece deserta depois que ele parte. Dunas, geleiras, estepes. Nunca mais reflexos esverdeados pelos cantos, nem perfume de ervas pelo ar, nunca mais fumaças coloridas ou formas como serpentes espreitando pelas frestas de portas entreabertas. Mais triste: nunca mais nenhuma vontade de ser feliz dentro da gente, mesmo que essa felicidade nos deixe com o coração disparado, mãos úmidas, olhos brilhantes e aquela fome incapaz de engolir qualquer coisa. A não ser o belo, que é de ver, não de mastigar, e por isso mesmo também uma forma de desconforto. No turvo seco de uma casa esvaziada da presença de um dragão, mesmo voltando a comer e a dormir normalmente, como fazem as pessoas banais, você não sabe mais se não seria preferível aquele pantanal de antes, cheio de possibilidades - que não aconteciam, mas que importa? - a esta secura de agora. Quando tudo, sem ele, é nada.
Hoje, acho que sei. Um dragão vem e parte para que seu mundo cresça? Pergunto - porque não estou certo - coisas talvez um tanto primárias, como: um dragão vem e parte para que você aprenda a dor de não tê-lo, depois de ter alimentado a ilusão de possuí-lo? E para, quem sabe, que os humanos aprendam a forma de retê-lo, se ele um dia voltar? Não, não é assim.
Isso não é verdade.
[...]
Então quase vomito e choro e sangro quando penso assim. Mas respiro fundo, esfrego as palmas das mãos, gero energia de mim.. Para manter-me vivo, saio à procura de ilusões como o cheiro das ervas ou reflexos esverdeados de escamas pelo apartamento e, ao encontrá-los, mesmo apenas na mente, tornar-me então outra vez capaz de afirmar, como num vício inofensivo: tenho um dragão que mora comigo. E, desse jeito, começar uma nova história que, desta vez sim, seria totalmente verdadeira, mesmo sendo completamente mentira. Fico cansado do amor que sinto, e num enorme esforço que aos poucos se transforma numa espécie de modesta alegria, tarde da noite, sozinho neste apartamento no meio de uma cidade escassa de dragões, repito e repito este meu confuso aprendizado para a criança-eu-mesmo sentada aflita e com frio nos joelhos do sereno velho-eu-mesmo:
- Dorme, só existe o sonho. Dorme, meu filho. Que seja doce.
Não, isso também não é verdade. "

Trecho de Os dragões não conhecem o paraíso
Caio Fernando Abreu

"Now you know how dragonflies tinks
the hearts with dots..."


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Sobre loucura, café e cigarro.

00:21 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (2)

"Vontade de jogar tudo pra cima."

É o que lhe passa pela cabeça quando se pega olhando para o nada.
Vontade de mandar tudo pro espaço e fazer a loucura que tem em mente. Loucura? Quem disse que é loucura?
Loucura só é loucura mesmo, se você achar que é assim.
"Mas a sociedade..." eles lhe diriam.
Que se foda a sociedade! O que a sociedade sabe sobre VOCÊ?!
Errado, certo, loucura, sanidade, tantos conceitos distorcidos. Palavras abstratas, sem definição exata. Tudo uma questão de ponto de vista. O que é errado para uns, é o certo para outros.
Dizem que ele vai quebrar a cara pensando assim.
"E daí?" ele responde.
Se fosse se preocupar com tudo o que lhe dizem, não brincaria feito criança todos os dias sem se importar com comentários e olhares. Mas não seria tão feliz quanto a criança que brinca.
Se fosse se preocupar com tudo o que lhe dizem, não dançaria como se o mundo fosse acabar embaixo de seus pés. Mas não sentiria todo o prazer que a dança lhe traz.
Se fosse se preocupar com tudo o que lhe dizem, não se apaixonaria por alguém que lhe pareça impossível. Mas não sentiria o frio na barriga e as borboletas voando com um telefonema, ou uma mensagem de texto.

Agora ele tem um plano.
Não.
Agora ele tem um desejo. Desejo é a palavra correta.
Não.
É mais que isso. Não dá pra explicar.
Ele quer. Ele vai. Pronto. E vai valer a pena. "Tudo vale a pena se a alma não é pequena", afinal de contas.

Vai deixar o sol queimar, vai ouvir o barulho das águas, vai ouvir vozes novas, olhar pessoas diferentes, escutar uma voz familiar, deitar, sorrir e dormir. Acordar e ver que não é um sonho, sorrir, tomar o seu café, fumar aquele cigarro de todas as manhãs e dizer BOM DIA. E realmente, é um bom dia. Foi um bom dia. Será um bom dia. Serão todos. É nisso que acredita. Loucura?
Não.

"I'll be doin' my best. I'll see you soon."

Sobre viagem, cafés e cigarros.

17:12 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (1)

Para ler ouvindo: Fiona Apple - Papper bag.

Viajar.
Viajar e acordar num outro lugar.
Viajar e ficar de frente para o mar.
Viajar e não ter com o que se preocupar.
Viajar e conhecer pessoas novas sem se importar.
Viajar e esquecer de beber e fumar.
Viajar e se lembrar...
Se lembrar de que tudo o que precisa, sempre esteve no mesmo lugar...

"I thought he was a man but he was just a little boy..."

Sobre a pequena, café e cigarro.

15:03 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (2)

Os dias vão tão bem. Mensagens de bom dia ao acordar e todo fim de noite, antes de dormir aquele beijo de boa noite, aqueles olhos que olham no fundo d'alma, aquelas palavras que estremecem, aquela certeza de que tudo está como deveria ser.
Tem todos aqueles que gosta ao seu redor.
Divide os seus pensamentos mais absurdos com aquela que o acompanha todas as manhãs.
Fala as suas besteiras obscenas com aqueles que o fazem rir todos os dias por internet e pessoalmente todos os finais de semana.

Só uma coisa não está certa para ele. Aquela pequena, sim, aquela que ele ama tanto. Aquela dos planos do futuro. Ela não está tão perto quanto ele gostaria que estivesse. Ela continua ali. E ambos sabem que isso nunca vai mudar.
Ele gostaria de trazê-la para perto, cuidar dela e não deixar que ninguém a faça mal. Ele odeia quando alguém faz mal para a sua pequena.
Quando o fazem, por mais que ele tenha carinho por uma pessoa, não importa, tudo acaba num sentimento que não faz bem. Talvez por isso queira trazê-la para tão perto. Ele está bem e quer que ela também esteja. Quer tirá-la de perto daqueles que a fazem mal.
Quer ouvir aquelas risadas boas de novo. Dos cafés e cigarros para falar das coisas mundanas. Conversas mudas por troca de olhares.
Ele a ama.
Ele não gosta que a façam mal.
Ele não deixa que a façam mal.
Ele odeia aqueles que a fazem mal.
Aquele cabelo inconfundível.
Os óculos grandes demais.
O corpo pequeno e frágil.
As roupas estranhas que ele gosta tanto.
O perigo naquela cabecinha pensante.
O sentimento escondido por trás de todo o perigo.

Ninguém vai mais te machucar. Tudo vai ficar bem, ele promete.
E uma promessa, é uma dívida que se paga com a alma.
Ele vai estar sempre ali para você.

"I'll be there for you..."

Sur poème, café et cigarrete.

12:02 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (2)

Écrire pour dire
Écrire pour se souvenir
Pour se soulager
Pour se consoler.

Rêver pour s'évader
Rêver pour changer
Pour changer d'entourage
De visage.

Danser pour se défoncer
Danser pour se détendre
Profite d'un seul moment
Super et délirant.

(Adolecensce en poésie)

"Je vais me proméner par ton rêves si vous me le permettez."

Sobre suavidade, café e cigarro.

14:03 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (4)

Acorda bem cedo pela manhã sem se importar que dormiu menos de quatro horas. Abre a janela e sente o sol tocando o seu rosto. Cerra os olhos e abre um sorriso. Como é bom sentir aquele vento da manhã e sentir o sol o acariciando de leve. Toma o seu café que já não é tão forte quanto costumava ser. Ele é suave. Esquece do seu cigarro. Prefere assim por algum motivo.

O que está acontecendo? Não sabe. E não se importa. Ele está bem, muito bem. Bem o suficiente pra não se sentir cansado ou indisposto por não dormir direito. Ele sabe que em menos de uma hora vai estar todo suado e cansado, que depois vai sentir algumas dores de exercícios, mas também não importa. Ou melhor, se importa sim, porque ele quer muito isso. Ele gosta disso. Gosta desse cansaço físico. E gosta mais ainda porque sabe que vai estar com as pessoas que fazem o dia dele ser muito melhor. Vai estar com seus amigos. Vai rir. Vai dançar. Vai brincar. Vai se cansar. Vai ficar muito mais feliz do que já estava quando acordou.

Tinha em sua cabeça que mudaria seu estilo de vida. Pensamentos de longa data que nunca se concretizaram até então. Mas agora era diferente. Nada faria com que ele perdesse o ânimo. Ele gosta disso. Muito. Está bem. Recebeu elogios de pessoas que o conheciam antes. Disseram que ele está aparentemente mais feliz e que até parece mais bonito.
Ele conversa demais, isso é estranho. Ele mal falava.

Sabe que ao ver aquele sorriso branco, vai ter que correr feito louco e que os velhinhos saem na rua pra ficar olhando aquelas pessoas todas correndo, girando os braços, correndo lateralmente.
"Por que?" eles deviam se perguntar.
Sabe que vai ouvir "bulbasaur!" olhar e ver um sorriso que ele gosta muito de braços abertos o esperando aquele abraço bom de todas as manhãs.
Que vai ouvir "Tio!" algumas vezes e receber mais abraços super carinhosos que ele tanto gosta.
Que vai ouvir "Tô ouvindo muita conversa! Vocês não param de brincar! Já deu!" ou então "Tá todo mundo prestando atenção?" ou ainda "Se tá conseguindo conversar é porque não tá fazendo direito!" e ver uma rosto tentando parecer sério.
Que vai ver aquele sorriso especial, aquele abraço mais demorado, aquele "bom dia" no ouvido que faz os pelos todos se eriçarem.
E mais do que tudo isso, vai ver todas aquelas pessoas sorrindo em cima do palco. Ali, todos dividem a mesma paixão. Ali todos vivem pela arte. Ali todos são iguais. Em cima do palco, todos são um só. E ele gosta muito disso.

Acorda, o vento lhe sussurra nos ouvidos, o sol lhe acaricia o rosto e pensa:
"Puta que pariu, como esse pessoal me faz bem. Como eu gosto deles! Deixa eu me levantar pra chegar logo!"


Galera do arte vida, valeu por entrarem na minha vida. ;D

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Sobre pessoas novas, cafés e cigarros.

21:28 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (2)

Ele que pensava não gostar das pessoas, que achava que não havia ninguém em quem acreditar, que ninguém estivesse livre das segundas, terceiras, quartas, múltiplas intenções, se enganara.
Sem perceber que ele é quem estava errado, que não o problema era com ele se fechando demais e não com todas as outras pessoas.
Mal sabia que estava prestes a descobrir a alegria de rir das coisas mais simples com amigos sem se importar com o que ou como falava.
Que um abraço, era só um abraço.
Que ver um filme de mãos dadas, era um carinho entre amigos.
Que pessoas sabem conversar olhando nos olhos.
Que elas gostam e se importam umas com as outras de verdade.

Conhecera pessoas que abraçavam de verdade. Um abraço que logo de manhã, fazia o dia melhor. Não se sentia tão bem com outras pessoas já fazia um bom tempo. Que uma mensagem de bom dia, de boa tarde, uma mensagem no celular falando asneiras. Uma mensagem? Não. Várias mensagens. Várias risadas. Mal se aguentava acordado, mas ria loucamente, descontroladamente. Nem mesmo o sono que normalmente o deixa de mau humor tinha o mesmo efeito mais. Ele estava, ou melhor, ele está muito feliz.
Apesar de outras pessoas tentarem o puxar pra baixo por ver como ele está pra cima novamente, nada disso muda. Algumas coisas o entristecem, mas não o suficiente pra abalar o seu humor.
Os filmes, as brincadeiras, as risadas, os carinhos, as conversas sérias, os exercícios, os cafés e a companhia para o seu cigarro. Está cercado deles o dia todo. Todos os dias. Impossível não ficar bem com pessoas assim.
Ele tem em si, novamente, todos os sonhos do mundo e eles são os mais belos de todos.
Se pudesse, traria todas as pessoas com as quais se importa pra junto dele, mas algumas ele não pode fazer nada e outras simplesmente não querem. Isso não significa que vá se importar menos, pelo contrário, agora que está tão bem, se preocupa mais. Ele está transbordando carinhos, atenção e preocupação, mas algumas pessoas simplesmente não vêem isso.

Não importa. Ele vai continuar ali, quer elas gostem, precisem, queiram ou não. Mas também vai continuar muito próximo a esses que o deixam tão bem. Ele gosta muito de cada um deles. Não conseguiria passar um dia todo sem pelo menos um "oi" de algum deles.
Essas pessoas, são vocês, que estão fazendo os dias dele melhores. São vocês que estão todos os dias ao lado dele. Que mandam mensagens, que falam besteiras, que fazem as brincadeiras mais sem sentido aos olhos alheios, mas pra vocês são as mais engraçadas.
E ele só tem a agradecer.
"Obrigado. Vocês são especiais."

"Loucos, normais, homens, mulheres, novos, velhos, brancos, amarelos, negros, tímidos, extrovertidos, artistas, circenses, bailarinos, não importa.
Vocês são meus amigos."

Sobre musicais, café e cigarro.

01:54 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (1)

"Why do I love it so much?
What kind of magic is this?

How come I can’t help adore it?
It’s just another musical

No one minds it at all
If I’m having a ball
This is a musical

And there is always someone to catch me
There is always someone to catch me
There is always someone to catch me
There is always someone to catch me
When I’d fall

Why do I love you so much?
What kind of magic is this?

How come I can’t help adore you?
You are in a musical

I didn’t mind it at all
You were having a ball
This is a musical

And you were always there to catch me
You were always there to catch me
You were always there to catch me
You were always there to catch me
When I’d fall

I don’t mind it at all
If you’re having a ball
This is a musical

And I’ll always be there to catch you
I will always be there to catch you
I’ll always be there to catch you
I will always be there to catch you
You always be there to catch me
And there’s always someone to catch me
You always be there to catch me
You always there to catch me
When I’d fall"

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Sobre passado, café e cigarro.

22:22 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (2)

Uma foto. Uma lembrança.

Uma lembrança?
Várias lembranças!
Um sentimento. Adormecido, mas um sentimento.
Um calafrio.
Um dia ruim.

Poderia ter sido assim, mas não pra ele. A foto? Sim. As lembranças? Sim. O sentimento e o calafrio? Sim. O dia ruim? Não.
Levantou pensativo. Não gosta de fumar logo que acorda, mas naquele dia levantou pensando em acender um cigarro. Ainda de bermuda, sem camiseta. O vento gelado da madrugada. Não importava. Precisava do seu cigarro e de uma música pra pensar.
Pensou.
Tomou seu banho matinal, fez o seu café mais amargo do que o de costume. Mais um cigarro. E seguiu pro seu dia. O tempo, que já tinha dias fechado, nublado, chuvoso, naquela manhã estava aberto. Mal conseguia abrir os olhos por conta da claridade do sol. Vestiu o jeans surrado que tanto gosta, uma camiseta branca, óculos de sol, fones de ouvido e saiu. Ainda pensava.
Sorte que ainda era bem cedo da manhã. Não haviam tantos carros na rua. Ele não prestava atenção. Pensava e cantava alto sem se importar com as pessoas passando e lançando olhares. Ele precisava disso.
Uma mensagem. Era só isso que ele precisava. Se era só isso mesmo, então por que não mandar? Mandou.
E aí sim o dia começou. Mais leve. Feliz. Brincou como criança em vez de estudar como um adulto na faculdade. E daí? Ele e sua parceira não ligavam. As pessoas já os achavam estranhos mesmo. Então eles brincavam e não se importavam. Eram inocentes. Mas riam como ninguém. Riam de coisas banais pra grande maioria, mas riam até doer a barriga. Se alguém conseguia o deixar de bom humor logo pela manhã, era ela.
Estudou, saiu para comprar roupas, treinou. Estava tudo bem. Nem se lembrava mais da sua manhã estranha. Até então.
Mas agora era diferente. Ele se lembrava daqueles olhos mestiços que olhavam em sua alma quando dizia que o amava. Lembrava dos abraços. Dos beijos. Da respiração ofegante por conta de alguns problemas respiratórios. Do cheiro. Do toque. Do calor do corpo encostado junto ao seu. De cada mancha que ele sabia onde estava. De cada cicatriz. Das manias. Das mentiras. Das brigas. Do não conversar. Do fim.
Ele não penteava os seus cabelos. Aqueles olhos preferiam que ele fosse bagunçado.
E hoje, praticamente um ano depois que se conheceram, ele ainda tem aqueles sentimentos guardados. Não vai ter mais a oportunidade de dizer isso, mas isso não importa.
Ele sabe que amou. E sabe que ninguém nunca vai o olhar e dizer que o ama daquela maneira tão profunda e sincera.
Não importa.
No fim, pelo menos, ele amou.
No fim, ele ainda ama.
No fim, talvez ele sempre ame.

"You know I can leave without all the things you took, but will I
ever learn to leave with what you've left behind?"


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Sobre amizade, café e cigarro.

20:26 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (2)

Acabara de se mudar para um lugar não tão novo assim. Já conhecia o local, mas não as pessoas. O único contato que tinha com pessoas, era com seus familiares.

"Tudo bem.", pensou. "Na faculdade conhecerei outras pessoas e não demora muito, começam as aulas."
Ele não era bom em fazer amizades, não sabe se aproximar das pessoas. Já soube um dia, hoje não. E nem precisou. Alguns dias passados, começou a conhecer algumas dessas pessoas, mas duas em especial fizeram a diferença. Os conheceu em uma quinta-feira e na sexta já estava viajando com eles. Mas havia uma quarta pessoa. Quem seria essa? Estranha. Não falava. Reclamava em demasia. Despertou certo interesse.
Não sabia do que conversar, a não ser sobre música.
"Ela é meio estranha, provavelmente tem um gosto musical incoerente assim como o meu." confabulou consigo.
E assim foi, falaram de música durante a viagem, chegando na festa para qual estavam indo, não quiseram ficar na festa e ficaram conversando durante toda a madrugada dentro de um carro. Reclamando de como as pessoas se esfregam umas nas outras, como as músicas são sempre iguais, ruins e sem sentido, da necessidade de beber e se drogar pra estar num ambiente daqueles. Aparentemente, ele havia encontrado uma amiga.
De fato. Mas não agora. Ficaram alguns meses sem nem ao menos se encontrarem. Cada um com os seus motivos. Até que algo os uniu novamente. Mas agora era diferente. Eles precisavam um do outro sem ter noção disso. Eles se viam todos os dias e se falavam ao telefone a cada hora. Não era normal. Beberam juntos, riram juntos, choraram juntos, praguejaram juntos, fizeram planos contra o mundo. E de repente eles se amavam. No mundo dos dois, não havia mais ninguém a não ser o seus cafés, cigarros e conhaques.
Um amor impossível. Inconcebível. Mas se amavam.
Conversavam sem trocar palavras. E quando as usavam, normalmente brigavam. Não como essas brigas que se vê por aí, que uma ou ambas as partes fazem bico e não querem mais conversar. Brigavam porque queriam o melhor um pro outro. Brigavam para se proteger.
E assim seria. Ele se afastaria em breve e ela encontraria outro para despejar sua impaciência e ansiedade, mas eles sempre voltariam um para o outro. Não conseguiriam se afastar.
Eles se amam.
Nunca vai passar disso.
Eles se amam.
Isso não importa.
Eles se amam.
Continuam fazendo os seus planos.
Eles se amam.
E assim será, enquanto o tempo permitir.

"You'll find us(me) somewhere over the rainbow..."
Marina, eu te amo. ;)

Sobre palco, café e cigarro.

21:36 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (1)

Sempre quis que tudo fosse como em um filme ou um livro daqueles bem fantasiosos em que nada é impossível se você realmente acreditar e se esforçar. Que voar não se limitasse aos páassaros e aviões. Que uma estrela coubesse em sua mão e fosse possível guardar o seu brilho num pote de vidro. Que pessoas boas fossem realmente boas e as más realmente más e que não houvesse um meio termo, que isso fosse pré definido. Que houvesse um romance inconsequente e inocente e que os motivos de afastamento fossem dragões, bruxas ou outras criaturas mágicas do fundo da floresta, mas que, mesmo assim, no final, tudo ficaria bem e eles seriam felizes para sempre.
Que as pessoas estivessem bebendo para comemorar, porque estavam felizes e não porque estavam fugindo dos seus problemas. Onde os abraços eram de verdade e não uma aproximação quase nojenta seguidas de dois tapinhas nas costas. Onde os sentimentos eram expressados de verdade e ninguém dizia que gostava ou amava alguém só por conveniência.
Ele tomava o seu costumeiro café e fumava o seu cigarro enquanto se perdia no seu mundo de fantasias quando absorto em seus pensamentos. Ele viajava para lugares distantes que não existiam em outro lugar se não no íntimo dos seus devaneios. Quando algo estava lhe aborrecendo, ele prefiria estar no seu lugar tranquilo.
Mas também sabia, ou pelo menos achava que sabia, que isso era tudo uma "mentirinha". E foi assim até o dia em que subiu no palco pela primeira vez.

Ali, em cima daquele chão suspenso de madeira, com aquela paisagem pintada em um pedaço de pano suspensa por cordas, tudo era real. As pessoas choravam porque estavam tristes e sorriam porque estavam felizes. Se abraçavam com sentimentos. Eram más ou boas porque era assim que tinha que ser. Até os animais eram amigos se você quisesse.Elas viviam de acordo com contagem de músicas. Elas amavam para sempre. Eles tinham os cabelos sempre penteados.
E ele dançava, como se o mundo girasse daquele jeito. O sorriso não era por obrigação de sorrir no palco, o sorriso no rosto era por descobrir que a sua "mentirinha" era de verdade. Ela podia ser verdade ali. Não precisava ficar só em seus pensamentos. Não mais.
Ele dançaria enquanto seu corpo aguentasse. E quando não aguentasse mais, ele ainda dançaria no seu mundo interior porque agora sabia que aquilo dos seus devaneios, eram a realidade. Ele dançaria como num conto de fadas onde até tocar as estrelas era possível. E sabia que ali, naquele tablado com paisagens que subiam e desciam amarradas em cordas, era o seu lugar feliz.

"A alma do filósofo vive em sua cabeça, do cantor, na garganta, do poeta,
no coração, mas a do bailarino habita todo o seu corpo!"

Sobre diálogo, café e cigarro.

10:40 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (0)

Fim de tarde, dia exaustivo, cabeça precisando de um descanso. Um café lhe chama a atenção, nada de atrativo, apenas pensou que um café seria uma boa pedida. Não havia nada que gostasse mais do que café e irritar outras pessoas.
No balcão, distraído, óculos pendurado na camisa, mal enxergava. Não havia nada para ver.
Alguém se senta ao lado. Continuava sem enxergar. Ele não gosta de conversar com estranhos. Mas ele não é estranho. Já se viram várias vezes. Trocaram vários olhares. Mas e daí? Tantas pessoas trocam olhares.

"Oi."
"Olá."
"Finalmente uma oportunidade de conversar com você."
"Pois é."
"Me fale sobre você."
"Estragaria toda a diversão."
"Se não me falar nada, como vou saber?"
"Essa é a parte divertida. Vamos nos descobrir."
"E se um de nós não gostar do que descobrir?"
"Você pode aprender a conviver, ou descobrir outra pessoa."
"Não vejo diversão alguma nisso."
"Não?! Pois eu acho que nada supera isso."
"Eu consigo pensar em várias outras."
"Que bom. Sinal de que você não precisa de muito pra se divertir."
"Você me irrita."
"..."
Acende o seu cigarro. Não se importa em irritar. Ele gosta disso. O cigarro é prova. Quase um cigarro pós sexo. Satisfeito por alguém dizer que está irritado.
"Eu gosto quando você me irrita."
"Como sabe disso? Você nem me conhece."
"Sei porque estamos conversandoe nos conhecendo, oras."
"E está achando legal?"
"Sim."
"Viu. Era disso que eu estava falando."
"Agora eu entendi."
"The ending of this song should be left alone[...] 'cause
the way it unfolds is yet to be told."

Sobre sonhos, café e cigarro.

20:15 / Postado por Ricardo(Sano) / comentários (0)

Acordou sorrindo para o sol que o despertara por entre as aberturas de sua janela. Era um bom dia. O sol forte, algumas poucas nuvens e ainda assim um vento frio que o deixava muito feliz. Esticou-se para fora da cama, ainda com um sorriso no rosto. O que não era comum de se ver logo pela manhã. Tomou seu habitual café e fumou o seu cigarro quase automaticamente. Agora sim o dia havia começado.
Banho tomado, casa arrumada, o som dos mutantes ao fundo, não haviam preocupações na sua cabeça. Ele tinha em si, todos os sonhos do mundo e ninguém para lhe dizer que sonhos não são nada mais do que sonhos.
Nem se lembrava que haviam trabalhos a serem feitos, problemas de casa pra resolver, pesquisas a terminar ou muito menos que aquele que lhe dera todos os sonhos não estava ali. Não mais. Por um tempo. Ou assim ele queria acreditar.
E quem é que não se engana por amor? Quem nunca achou que o seu amor era perfeito e os defeitos eram pequenos demais para se sobrepor às qualidades que pensava que ali existissem?
Dias passados, o amado retorna. Feliz, mas não quer o ver. Tudo bem, deve estar cansado da viagem. Pobre coitado. Vai descobrir que não passou de uma mentira.
"Precisamos conversar."
"Sim, precisamos. Estou com saudades."
"Estou chegando aí."
"Tudo bem, meu amor. Te espero."
Tomou um banho demorado, arrumou a casa e o quarto, passou o seu melhor perfume, até penteou os cabelos! Realmente, ele não sabia o que estava acontecendo.
"Oi, meu amor!"
E uma esquiva do seu abraço e seu beijo o preocuparam.
"O que houve?"
"Não podemos mais continuar assim."
"Assim como? Estamos tão bem."
"Não. Você está, eu não. Amo outro e é com ele que quero ficar."
Pobre coitado, desenganado antes do tempo. Sentimentos artificiais vomitados todo esse tempo. Em choque. Não falava. Não se mexia. Mal respirava. E então ele partiu.
Queria acreditar que fora tudo um sonho. Um sonho muito ruim. O pior sonho de todos. Pensou então pela primeira vez "se fosse um sonho, eu não estaria assim, afinal, sonhos não passam de sonhos." Estava começando a entender como tudo realmente funcionava. Entendeu que o único sonho real é aquele que se vende em padarias. E que amor não era um sentimento bom. Não para ele. Ele ficara fraco. Mas isso iria mudar.
Tempos depois, os que o conheciam antes, não o reconheciam mais. O que aconteceu com aquele rapaz que sorria, que gostava do sol para correr sozinho, que cantava alto as músicas mais idiotas de amor sem se importar com quem estivesse escutando?
Algo havia secado. E ele havia acordado para o mundo real. Onde emoções são sinais de fraqueza. Ele agora era mais um dos que descobriu a verdade sobre o amor. Ele era mais um dos que sabia que dizer "eu te amo" não era como dizer bom dia. Que era mais como praguejar.
Ele se fecharia até se encontrar sozinho. Tão sozinho que só um novo amor haveria de lhe trazer de volta do mundo dos vivos. Até que mais uma decepção o arrastasse para aquele lugar de verdades e de "não-faces" mais uma vez. Ele amaria e seria amado. Mas não seria o suficiente. Esse novo amor não era mais como um sonho. Os sonhos de verdade só estão nas padarias. E os amores de verdade, só estão na cabeça daqueles que ainda não o conhecem ou em livros de fantasia.

E hoje, ele acordou sorrindo para o sol. O tempo era perfeito mais uma vez. Acendeu o seu cigarro, tomou o seu café sentindo um prazer incomparável nas suas atitudes automáticas. Leu um romance bobo. Pensou que talvez não desconfiar tanto desse tal de amor, não fosse uma má idéia. Talvez não fosse sempre assim. Ninguém seria como aquele que o fez pentear os cabelos, mas alguém poderia ser melhor. Sentiu falta de alguém com quem passar os domingos junto, tomou um banho sonhando com alguém que ainda não conhecera. Sonhou com alguém que não era perfeito. Sonhou com alguém que mentia, que gritava, que se arrependia, que ofendia, que não estivesse sempre ali. Sonhou que esse alguém também estava sempre ali, dizia verdades, elogiava, sussurrava em seu ouvido, lhe cantava as canções mais bonitas e esqueceu mais uma vez, que os sonhos de verdade, continuam somente na padaria.


"[...]Pra segurar namorado morrendo de amor, escreve o
nome num pepino e guarda no refrigerador..."