Sobre passado, café e cigarro.

22:22 / Postado por Ricardo(Sano) /

Uma foto. Uma lembrança.

Uma lembrança?
Várias lembranças!
Um sentimento. Adormecido, mas um sentimento.
Um calafrio.
Um dia ruim.

Poderia ter sido assim, mas não pra ele. A foto? Sim. As lembranças? Sim. O sentimento e o calafrio? Sim. O dia ruim? Não.
Levantou pensativo. Não gosta de fumar logo que acorda, mas naquele dia levantou pensando em acender um cigarro. Ainda de bermuda, sem camiseta. O vento gelado da madrugada. Não importava. Precisava do seu cigarro e de uma música pra pensar.
Pensou.
Tomou seu banho matinal, fez o seu café mais amargo do que o de costume. Mais um cigarro. E seguiu pro seu dia. O tempo, que já tinha dias fechado, nublado, chuvoso, naquela manhã estava aberto. Mal conseguia abrir os olhos por conta da claridade do sol. Vestiu o jeans surrado que tanto gosta, uma camiseta branca, óculos de sol, fones de ouvido e saiu. Ainda pensava.
Sorte que ainda era bem cedo da manhã. Não haviam tantos carros na rua. Ele não prestava atenção. Pensava e cantava alto sem se importar com as pessoas passando e lançando olhares. Ele precisava disso.
Uma mensagem. Era só isso que ele precisava. Se era só isso mesmo, então por que não mandar? Mandou.
E aí sim o dia começou. Mais leve. Feliz. Brincou como criança em vez de estudar como um adulto na faculdade. E daí? Ele e sua parceira não ligavam. As pessoas já os achavam estranhos mesmo. Então eles brincavam e não se importavam. Eram inocentes. Mas riam como ninguém. Riam de coisas banais pra grande maioria, mas riam até doer a barriga. Se alguém conseguia o deixar de bom humor logo pela manhã, era ela.
Estudou, saiu para comprar roupas, treinou. Estava tudo bem. Nem se lembrava mais da sua manhã estranha. Até então.
Mas agora era diferente. Ele se lembrava daqueles olhos mestiços que olhavam em sua alma quando dizia que o amava. Lembrava dos abraços. Dos beijos. Da respiração ofegante por conta de alguns problemas respiratórios. Do cheiro. Do toque. Do calor do corpo encostado junto ao seu. De cada mancha que ele sabia onde estava. De cada cicatriz. Das manias. Das mentiras. Das brigas. Do não conversar. Do fim.
Ele não penteava os seus cabelos. Aqueles olhos preferiam que ele fosse bagunçado.
E hoje, praticamente um ano depois que se conheceram, ele ainda tem aqueles sentimentos guardados. Não vai ter mais a oportunidade de dizer isso, mas isso não importa.
Ele sabe que amou. E sabe que ninguém nunca vai o olhar e dizer que o ama daquela maneira tão profunda e sincera.
Não importa.
No fim, pelo menos, ele amou.
No fim, ele ainda ama.
No fim, talvez ele sempre ame.

"You know I can leave without all the things you took, but will I
ever learn to leave with what you've left behind?"


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2 comentários:

Comment by Biel, o Bardo on 7 de março de 2010 às 16:36

Passando por aqui também no sentido de retribuir a visita e deixar uns dizeres. rs
Meu, temos postagens com formatos bem parecidos, não sei se chegou a ler a minha sessão chamada Breviações.
Quem sabe não conversamos mais.
Outro.

Comment by Camila Souza on 10 de março de 2010 às 01:43

lindo! lindo lindo esse texto! Bastante profundo... intenso... verdadeiro... Um verdadeiro artista com uma grande sensibilidade e percepçao de coisas simples, estas porem, que fazem a diferença... bravo! bravo!...=D

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